quarta-feira, 23 de março de 2011

Los Caracoles - Esse não é sobre cidades.

Aparentemente um breve pensamento

Estradas sempre tiveram um efeito bom em mim, pacificador talvez, uma sensação absoluta de que eu pertenço a um lugar, por mais que o lugar em questão esteja passando a dezenas de kms/h por mim. Quando criança eu não sabia explicar o porquê de me sentir assim, mas felizmente já me conheço o suficiente pra saber que o simples movimento em direção a um lugar diferente me faça sentir bem, simples assim. Como se meu corpo soubesse estar no lugar certo, fazendo o certo, sem de fato estar em um local em si.
Hoje aprendi a usar as estradas como uma terapia, se algo me preocupa, gosto de ir para a estrada mais próxima, pedir carona pra alguma cidade. De uma forma engraçada, isso me cura.

Los Caracoles

Eu como um bom brasileiro, nunca tinha visto neve, e meu contato mais alto com grandes altitudes imagino que tenha sido a serra gaúcha. Resultado disso é eu ter encarnado um turista típico e, retardamente, ter tirado centenas de fotos durante o caminho lindíssimo que liga Mendoza e Santiago.

A maioria das coisas que eu teria a dizer sobre essa estrada provavelmente vão ser passadas com as imagens, e provavelmente eu não tenha muito a mais pra se comentar do que o que pode ser visto nas fotos, mas antes, como provavelmente eu não poderia deixar de escrever aqui, gostaria de escrever algumas considerações:

#1:  A divisa entre Argentina e Chile, aonde fica a aduana, fica em um lugar alto (como não poderia deixar de ser, no meio de uma cordilheira, esperto!), e como precisamente contam livros com informações inteligentíssimas sobre clima e tudo mais, de fato, é frio. Repito, frio! Sair de camiseta é rigorosamente não recomendado.

Típico brasileiro retardado passando frio na aduana.
#2: Além das pessoas empolgadas (como eu), que nunca tinham passado pela cordilheira antes, crianças também ficam empolgadas, e elas tendem a se jogar na janela, mesmo que elas estejam sentadas no corredor. Essa prática acaba por ser um tanto quanto desagradável pro infortunado que estiver sentado na janela em questão. (Passei 9 horas com uma criança me batendo)

Eu provavelmente tinha outras considerações, mas parece interessante largar uma overdose de montanhas agora (clique pra ampliar), ressaltando que todas foram tiradas em um veículo em movimentos de zigue-zague, extremamente perigosos e emocionantes (não vem ao caso):





























P.S.: Deixo registrado aqui que, na Cordilheira dos Andes, foi o local exato (ok, nem tão exato) de maior altitude onde eu tenha urinado, até então. (Isso fazia sentido na minha cabeça.)


segunda-feira, 21 de março de 2011

No hay empanada :( - Mendoza

 Redenção




Era como 2h da manhã em Mendoza quadno eu me encontrava em um clube, dançando Cumbia enquanto segurava (sem saber ao certo o porquê) um drink de morango na cabeça. Ao meu redor, algo como duas dúzias de argentinos dançavam comigo, esperando eu eleger a próxima pessoa a dançar no meio da roda (derramando tudo na cabeça, no outro dia eu ainda cheirava a morango).
O sentido dessa dança permanecerá um mistério forever pra mim, assim como o caminho que tomei pra de repente estar com dúzias de nativos que eu havia conhecido há 10 minutos atrás (caminho provavelmente fortemente influenciado pela Andes, cerveza local...)
Admito que já estava ficando assustado, viajando há 5 dias (ou algo assim), não tinha acontecido algo do gênero ainda, mas aparentemente eu só precisava de um tempo... novamente estou vivendo minhas viagens como deveria viver, como eu amo e sei fazer! Isso ocorreu em Mendoza, e pra mim é algo tão importante na cidade quanto todas as pessoas extremamente interessantes que conheci nesses 2 dias.



A cidade

Apesar de Mendoza não apresentar todo a beleza das ruas e povo do meu destino anterior, a cidade tem um charme, se souber procurar (o que de fato eu não sei fazer com muita precisão, afinal demoro horas pra achar os lugares, ao sair vagando pela cidade, e de uma maneira impressionante, sem me perder ou ser roubado), em suas praças, ruas, povo, lindo sotaque cantado e parque.

Montanhas! Em várias partes da cidade, já é possível avistar os Andes (não tentem ir até eles, a cidade fica no meio de um deserto e morrerão no caminho, ou algo do gênero), e não é muito difícil se destrair andando pelas ruas do centro da cidade (as quais tem valas gigantescas, pra, imagino eu, época de degelo), ou quando um grupo de pessoas vem falar contigo em inglês querendo saber de onde és (não entendo o porquê disso acontecer com tanta frequência comigo, eu nem chamo tanta atenção assim... :/), mas as principais atividades na cidade acontecem pra fora da cidade em si, como passeios em direção aos andes, até o pé do aconcágua (Caro!), e visitas às bodegas, afinal é a cidade do vinho (degustação barata!), e algo que eu deveria ter feito, e me arrependo muito, é ter pego uma bicicleta, e simplesmente sair em direção aos pontos que acabei de citar. (Ressalto novamente a importância de tomar cuidado pra não morrer no deserto, ou algo do gênero)



Bodegaço - No hay comida en Brasil?




Como eu estava na cidade do vinho (e não tinha nada barato assim pra se fazer), fui nesse tour que passava por duas vinícolas e uma fábrica de azeite de oliva. Não vou me parar aqui fazendo comentários amadores do que mal aprendi andando pelos corredores, ouvindo ensinamentos espanhóis rápidos falados por um forte sotaque, afinal para isso existe o google (onde, ouvi falar, é possível pesquisar o que é o vinho, entre outras informações). Mas deixo algumas considerações próprias, que provavelmente fizeram o passeio de modo geral ser muito bom.

Considerações:

#1: Vinícolas que trabalham com vinhos orgânicos dão bem mais vinho na degustação. Eles simplesmente deram 2 garrafas que sobraram, não preciso dizer o quão "feliz" aquilo me deixou. Enquanto na industrial, a degustação é algo como um gole.

Boring

Vinho forever uhul!

#2: Maaas, na industrial, aparentemente eles te liberam depois do tour para dar uma volta nas plantações, e (acho) degustação de uva é liberada. (Fato importante: eu não tinha almoçado)

Típico brasileiro comendo quilos ao ser permitido "provar" as uvas

#3: Azeite de Oliva com pão é bom. Essa consideração me levou a ouvir da instrutora, que naquela altura já entrosava conosco, em tom de risada, a frase em laranja no início dessa seção. (Repito, não tinha almoçado... :/)

Obviamente eu não ia me prestar a tirar foto enquanto ainda tinha pão. Tava muito ocupado comendo.

#4: Tem quem vá em desgustação, cheire o vinho e bote fora. (o que geralmente implicava nos brasileiros uma reação do tipo: *levantar os braços com cara de apavorado*)

#5: Não comam azeitona retirada da árvore.






Voltando à cidade (aparentemente não sei dividir posts direito)




Penso agora que poderia ter ficado mais tempo na cidade, saído com os nativos que conheci, aproveitado mais o parque gigante (não me perdi e não fui quase assaltado, isso é mito).
Nessas duas últimas cidades que visitei, percebi como nunca que quando se passa por uma cidade por um, dois dias, talvez não tenhamos a oportunidade de pegar a verdadeira essência da cidade, aquela questão única que cada uma tem, a qual muitos demoram anos pra descobrir, mas que sempre procuro de uma maneira intensa enquanto viajo, talvez como hobbie.
No primeiro dia eu me adapto, no segundo (aparentemente) já se consegue entrosar com nativos em festas, dançando cumbia com drinks de morango na cabeça, e (porra), deveria ter ficado mais, tem algo naquela cidade que eu não vim a descobrir.

Valas gigantes





Albergue :)